No ano da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPUE) e um ano após a publicação da nova estratégia abrangente que define a parceria entre a União Europeia (UE) e África, os meses de Março e Abril foram marcados pelas “EU-Africa Green Talks”.  

Esta iniciativa conjunta da PPUE21, do Banco Europeu de Investimento (BEI) e das delegações regionais da UE representou uma oportunidade de diálogo interdisciplinar sobre melhores práticas para o desenvolvimento sustentável, transição e investimento verdes em África, contando com líderes governamentais, atores dos setores empresariais público e privado, organizações para o desenvolvimento, representantes da sociedade civil e especialistas académicos. Neste contexto, foram apresentadas e discutidas ações de desenvolvimento tecnológico e financeiro, já implementadas ou a serem desenvolvidas por parceiros do setor privado e público africanos, numa lógica de partilha de melhores práticas e soluções transversais a todo o continente.  

Estes diálogos culminaram, por sua vez, no Fórum de Alto Nível UE-África sobre Investimento Verde, que teve lugar no dia 23 de Abril, com transmissão a partir do Palácio de Belém, em Lisboa. O evento manteve o espírito de diálogo e de partilha de experiências em torno de tais tópicos como o papel da UE e dos Estados Membros na luta contra as alterações climáticas pelo mundo e as possíveis respostas por parte de instituições financeiras internacionais através da otimização de instrumentos inovadores e direcionados.  

O paradoxo frequentemente associado a África – enquanto continente com responsabilidades quase nulas pelos níveis de emissões de gases de efeito estufa globais, mas ao mesmo tempo particularmente vulnerável perante as consequências das alterações climáticas – pareceu incutir um sentido de responsabilidade acrescida entre os Estados Membros e investidores privados europeus por entre discussões sobre o clima, adaptação e desenvolvimento sustentável em África. Neste âmbito, a transição energética e investimento em energias renováveis poderão representar duas oportunidades únicas para a criação de emprego, formação, integração no mercado de mulheres e jovens, e consequente mitigação das desigualdades que avassalam o continente.  

Uma forte componente do evento dedicou-se também à partilha de modelos empresariais do setor privado com vista a fomentar investimento e formas de trabalho mais ecológicas e sustentáveis, demonstrando que estes podem ser lucrativos e criar postos de trabalho, e ao mesmo tempo contribuírem para a concretização dos objetivos globais para o clima. Muitos dos intervenientes reforçaram, inclusive, o papel fundamental que este setor pode desempenhar na transição energética. 

O enfoque do diálogo entre os diversos intervenientes residiu na partilha de experiências, abordagens e oportunidades para a mobilização de investimento privado e público para a transição energética em África, considerado insuficiente até à data, especialmente tendo em conta a crise económica, desafios e contratempos decorrentes da pandemia de COVID-19. A ideia de um “African Green Deal”, enquanto motor de recuperação económica e compromisso climático, foi particularmente avançada enquanto possível solução nesse sentido. No entanto, independentemente das medidas a serem adotadas, é consensual a necessidade de se aproveitar o momento atual para a intensificação da parceria entre a UE e África.

Para saber mais sobre as “EU-Africa Green Talks” : https://www.eib.org/en/events/eu-africa-green-talks

Assista ao evento “Fórum de Alto Nível EU – África sobre Investimento Verde”

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